Intercâmbio e o sonho de voltar para casa

Estudante argentina se despede da Unesc após um ano e meio de estudos no sul de SC

A oportunidade de estudar no exterior brilha nos olhos de qualquer estudante. Já contamos uma história de persistência e determinação vivida pelo criciumense Eduardo Bolan Borges e sua jornada pela Inglaterra aqui. Hoje, vamos contar um pouco da experiência vivida por quem decide vir ao nosso país para estudar.

Em meados de 2019, a argentina Camila Villasuso, de 33 anos, aluna da Universidade Nacional de Avellaneda, em Buenos Aires, agarrou com as duas mãos a oportunidade e fez as malas para estudar na Universidade do Extremo Sul Catarinense – Unesc, em Criciúma.

A oportunidade foi dada à Camila devido a uma parceria com a Universidade argentina para a dupla titulação entre cursos da área de Design oferecidos pelas instituições. A estudante passou dois semestres nas aulas do curso de Design de Produto.

Ao falar sobre a experiência, em um português quase fluente – com aquele sotaque castelhano – ela garante que sua vida foi transformada. “Eu sou muito grata por tudo que vivi aqui. São ensinos diferentes e pude aprender muitas coisas que não veria em minha Universidade de lá. A Unesc possui um ensino incrível, com ótimos professores e infraestrutura. No Iparque, onde estudei parte das 11 disciplinas que fiz aqui, há muita tecnologia, que melhora ainda mais a qualidade. A Universidade foi durante os últimos meses minha segunda casa aqui no Brasil”, conta.

Camila passava praticamente o dia todo na Universidade. Além de estudar no período da noite, estagiou na Instituição junto do Setor de Arte e Cultura e do Museu da Infância. “Depois dos meus três meses de adaptação, fiz muitos amigos especiais, que levarei para a vida. Tenho certeza de que quero voltar para o Brasil e voltaria para Criciúma. Aqui há muitas oportunidades de emprego. Quem realmente quer trabalhar, consegue”, destaca.

Pandemia e fronteiras fechadas

Camila deveria ter partido da cidade ainda no meio de 2020, porém, com a situação pandêmica, ela precisou ficar no Brasil.

A Argentina, que fechou totalmente suas fronteiras no mês de março de 2020, reabriu parcialmente (apenas fronteiras aéreas) e com restrições em novembro deste ano – para residentes e turistas uruguaios – na região da capital Buenos Aires. As demais províncias permaneceram com suas fronteiras terrestres e aeroportos fechados, inclusive restringindo a circulação entre estas. Em 25 de dezembro, voltou a fechar suas fronteiras após o aumento do número de casos de contaminações por COVID-19, medida que será válida até 8 de janeiro de 2021.

A Unesc a apoiou neste momento, garantindo que Camila Villasuso pudesse continuar a trabalhar na Universidade – mesmo que o vínculo do intercâmbio já tivesse finalizado.

Dupla titulação reconhecida: Organização dos Estados Ibero-Americanos

A dupla titulação entre cursos da área de Design oferecidos pelas instituições, foi reconhecida neste ano pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OIE) entre as melhores de Práticas de Qualidade na Internacionalização. A experiência ficou em primeiro lugar em uma das categorias e fará parte do Manual Ibero-Americano de Boas Práticas na Internacionalização.

Com a partida da estudante argentina, as instituições fecham o primeiro ciclo deste acordo, que iniciou com a ida do acadêmico Caio Canarin Mroninsk para Buenos Aires, em 2017.

Na época, Caio reiterou que a sua experiência também foi extremamente positiva. “Tive a oportunidade de estudar, trabalhar e conviver com pessoas não só da Argentina, mas do mundo todo, o que me amadureceu como pessoa e me desenvolveu como profissional. A cultura está muito ligada a maneira como se projeta e interage com Design, e isso também influenciou no desenvolvimento de uma nova ótica sobre a forma que se projeta produtos”, afirma

Parceria continuará e novos alunos poderão se candidatar ao intercâmbio

O coordenador do curso de Design de Produto da Unesc, João Rieth, avalia como positivo o primeiro ciclo, sobretudo porque ele possibilitou uma nova ótica para a avaliação do curso, analisando as semelhanças com a instituição argentina, equiparando o que é possível melhorar, as práticas pedagógicas e, claro, aquilo que a Universidade tem feito de forma correta. “Continuamos firmes com o acordo e na expectativa que já nos próximos semestres possamos abrir novas oportunidades aos alunos”, garante.

Relações comerciais Brasil x Argentina

A Argentina é o destino de mais de 4% das exportações de produtos brasileiros, principalmente máquinas agrícolas e peças automotoras. É também o nosso quarto parceiro comercial nas importações, fornecendo ao Brasil produtos agrícolas como soja e trigo. O país vizinho, reconhecidamente belo e muito procurado para o turismo de aventura – chegando a receber um total de 33% de turistas brasileiros – encontra-se em uma situação difícil economicamente devido ao fechamento das fronteiras para o turismo e rigidez no isolamento social.

A pouco mais de um mês, os chefes de Estado dos dois países tiveram um encontro por vídeo-conferência ocasionado em virtude de comemoração ao Dia da Amizade, selado entre os dois países. A cerimônia online também celebrou a criação do Mercosul, há 35 anos. Em sua fala, o Presidente da Argentina, Alberto Fernández, ressaltou a importância de deixar de lado as diferenças políticas: “Celebro este encontro para que dê ao Mercosul o impulso de que necessita e é imprescindível que Brasil e Argentina o façam juntos”, afirmou o presidente.

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