Governo quer ampliar corrente de comércio internacional

Segundo o Ministério da Economia, obtenção de superávit comercial não é objetivo principal

O secretário de Comércio Exterior da Secint, Lucas Ferraz, divulga os dados da balança comercial do ano de 2019. Foto de Valter Campanato/Agência Brasil

Depois de anunciar uma queda no saldo da balança comercial em 2019, sendo menor desde 2015, o secretário de comércio exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, afirmou que o objetivo do governo federal não é aumentar o superávit, mas ampliar a corrente total de comércio do país, que é a soma das importações com as exportações. No ano passado, essa cifra foi de US$ 401,34 bilhões – um valor 5,7% menor em relação ao ano anterior.

“A nossa variável objetiva seria o aumento da chamada corrente de comércio do país sobre o PIB [Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços produzidos no país]. Então, nós visamos aumentar a exportação mais importação sobre o PIB nacional. Hoje, esse número gira ao redor de 24%, 23%, a gente sabe que numa comparação internacional isso é muito aquém do que se esperaria das dimensões da economia brasileira, estamos falando da oitava economia do mundo. Ele é muito mais um parâmetro para macroeconomia do que para temas de comércio”, disse Ferraz.

Em países de economia semelhante ao Brasil, como México, o percentual da corrente de comércio sobre o PIB é superior a 70%. Na China, ultrapassa 40% e no Chile chega aos 30%. “Estamos bem aquém. A média mundial é maior para países similares ao Brasil”, acrescentou o secretário.

Balança comercial tem superávit, mas cai em relação a 2018

Segundo Ferraz, o governo não deve se preocupar em obter saldos comerciais muito positivos e citou o caso dos Estados Unidos, país que tem déficit em sua balança comercial. “O foco central da agenda comércio do governo Jair Bolsonaro não passa pela obtenção de saldos comerciais. O nosso objetivo fundamental é aumentar o grau de integração da economia brasileira e com isso contribuir para o aumento da nossa produtividade, com o crescimento de longo prazo, geração de emprego e renda. Essa é a nossa meta principal. Se saldo comercial fosse importante, eu costumo dizer sempre isso, os Estados Unidos seria economia com pior desempenho comercial do planeta, porque há décadas eles têm déficit comercial na sua balança. Fundamentalmente, balança comercial é o resultado líquido de quanto um país poupa e do quanto ele investe”, disse.