Exportações de frango: Brasil é destaque no mercado mundial

País supera barreiras técnicas e culturais para atender exigências dos consumidores internacionais

Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo e Santa Catarina é o segundo estado no ranking de contribuição para esta estatística. Foto: ANPR

A carne de frango tem grande contribuição para um saldo positivo da balança comercial brasileira. O primeiro semestre de 2019 registrou um desempenho superior a 2018. Conforme informações do Ministério da Economia é o quarto no ranking de exportação de produtos básicos e o quinto nas exportações totais, participação de 5,44% e 2,81%, respectivamente. Foram exportados 1,9 bilhões de toneladas, 11,1% a mais, que geraram uma movimentação de $ 3 bilhões de dólares, 17,8% maior.

Dados do Observatório da Complexidade Econômica posicionam o Brasil em primeiro lugar como exportador mundial, detendo 25% do setor em 2017. Quase o dobro do segundo colocado, os Estados Unidos, com 14%. Ásia e Oriente Médio são os principais destinos da produção nacional. A China é o maior importador com 18%, seguido por Arábia Saudita 14%, Japão 12% e Emirados Árabes Unidos 10%. Juntos, representam 54% de todas as transações. Só com os chineses houve movimentação de $ 547,02 milhões de dólares, alta de 41,9% em relação ao mesmo período de 2018. Outros mercados têm registrado crescimento como Moçambique (383%) Comores (303%), República Centro Africana (252%) e Nigéria (236%), mas ainda sem um volume significativo.

Sete unidades da federação concentram a produção de carne de frango e os estados do sul lideram as exportações. O Paraná vem em primeiro lugar com 39,3% de participação, Santa Catarina tem 34,8% e Rio Grande do Sul 10,4%. Para os catarinenses, foi o principal produto exportado significando 24% de todos os negócios internacionais, e 62% a mais do que no ano anterior.

O despachante aduaneiro Rodrigo Ruckhaber, da Ruckhaber – Organização Aduaneira, lembra que para alcançar esta performance e números favoráveis os exportadores brasileiros devem se adequar a diversas particularidades dos países compradores. São exigências técnicas e até mesmo culturais e religiosas que determinam desde a forma do abate, preparação, cortes e embalagens que se adaptem aos costumes, gostos e normas locais.

O cumprimento das obrigações começa pelos requisitos sanitários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Passam pelo registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), habilitação para exportar junto Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), obtenção de Certificado Zoossanitário Internacional (CZI) entre outros documentos e procedimentos. A listagem completa está disponível no site do Mapa.

China

As convenções com o país mudaram em 2019 e tem o objetivo de agilizar o processo de importação das carnes brasileiras. Um exemplo é o novo formato de credenciamento de veterinários oficiais aptos a assinar o CZI do Brasil para o país asiático. Com a nova norma, em vez de cada auditor fiscal federal agropecuário poder firmar o documento apenas por um estabelecimento específico, foi criada uma lista única de profissionais habilitados para emissão de CZIs em qualquer um deles, desde que habilitado pela China.

Segundo a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, esta medida reduz a chance de retenções de carregamentos brasileiros nos portos chineses.

Para o mercado consumidor local, de acordo com relatórios da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Agência de Produtos de Exportação (Apex), os cortes desossados como peito, filé de peito, filezinho e coxa e sobrecoxa são os preferidos.

Países árabes

Motivos religiosos exigem um tratamento específico, já dentro da indústria, com as carnes exportadas para a Arábia Saudita e demais países árabes. O abate precisa passar por um método chamado de ‘Halal’, que é supervisionado e certificado por um centro islâmico. As aves também não podem ter sido alimentadas com proteínas animais e devem estar livres de hormônios de crescimento.