Economista defende reformas e abertura comercial do Brasil

Australiano Gary Banks falou sobre a experiência de seu país para retomada do crescimento a partir da década de 80

Gary Banks; Ex-presidente da Comissão de Produtividade e presidente do Conselho Consultivo de Estatística da Austrália. Foto: Helio Montferre/IPEA

O economista e pesquisador Gary Banks, ex-presidente da Comissão de Produtividade da Austrália, defenda reformas e abertura comercial do Brasil. Ele, durante evento em Brasília, que o país deve deixar o sistema de substituição de importações e ampliar a inserção no comércio global para retomar o crescimento.

Em palestra promovida pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia, em Brasília, ele relatou a experiência de 28 anos ininterruptos de crescimento da Austrália, a partir de reformas adotadas desde a década de 1980.

O importante, segundo Banks, é buscar reformas que aumentem a qualidade de vida da população.

Na experiência australiana, a abertura comercial foi extremamente importante e, pelo que se sabe da estratégia brasileira, as reformas dos sistemas de previdência e tributário também são importantes para aumentar o nível de vida da população”, comentou.

O australiano enfatizou a importância da inserção do país no mercado global, pela via da abertura comercial, e lembrou que, na Austrália, o sistema de substituição de importações teve um alto custo. “A substituição de importações é prejudicial tanto para as condições de vida da população quanto para a especialização da economia e a competitividade das empresas”, afirmou.

Aumentar a produtividade

Segundo o secretário-executivo da Camex, Carlos Pio, que promoveu a palestra do professor Gary Banks no Ministério da Economia, o caso australiano mostra que priorizar o crescimento na produtividade é a pedra fundamental para o desenvolvimento sustentável.

Só o crescimento da produtividade torna possível compatibilizar vários aspectos desejáveis do processo de desenvolvimento, como o crescimento do lucro, do produto, do salário real, das exportações e das importações, com redução da carga tributária”, afirmou Carlos Pio.

“A elevação da produtividade é o que permite crescer o bolo de modo sustentado, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista político”, completou.

Especialização

Pela experiência australiana, segundo Banks, é possível melhorar simultaneamente a vida das pessoas e a produtividade das empresas, se a abertura às importações permitir que todos tenham acesso a bens finais, insumos e tecnologias aos preços praticados no mercado internacional.

Por isso, o Brasil deve se especializar nas áreas em que é mais eficiente e competitivo, importando tudo o mais de que as famílias e empresas precisarem, sugere o economista.

Com o tempo, a economia do país vai se atualizando, mantendo o ritmo da melhoria das condições de vida e da competitividade. Isso é possível com a abertura e não com a substituição de importações”, explicou.

Banks foi um dos responsáveis pelas reformas estruturais adotadas pelo governo australiano, e que resultaram em uma taxa de crescimento médio de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB) daquele país a partir de 1984, ininterruptamente.

Ele destacou que, a partir desse ano, todas as políticas públicas do governo federal australiano passaram a focar o aumento da produtividade – tanto a produtividade do trabalho quanto a produtividade do capital e da terra. As reformas levaram a Austrália da 14º posição no ranking global por PIB per capita, em 1983, para a 5º posição na economia mundial em 2012.

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