Covid-19: Embaixada lista 12 rumores infundados sobre a China

Alegações falsas estão relacionadas à pandemia do novo coronavírus

Foto: Gerd Altmann/Pixabay

O avanço da pandemia do novo coronavírus pelo mundo tem sido acompanhado pela disseminação de fake news. Nas mídias sociais, notícias sobre estudos e evolução da doença dividem espaço com teorias da conspiração e alegações falsas. Como muitos desses conteúdos estão ligados à China, onde ocorreram os primeiros registros da Covid-19, a Embaixada da China no Brasil listou 12 rumores contra o país.

O artigo, repercutido pelos consulados chineses no Brasil, refuta as fake news com base em conhecimentos científicos e dados factuais. Isso porque, segundo a própria Embaixada, “a China foi particularmente afetada por essa ‘epidemia da má informação’”. Confira os rumores e explicações listados pela entidade:

Rumor 1 – O novo coronavírus foi criado em um laboratório chinês

Realidade: as evidências indicam que o novo coronavírus se origina na natureza.

O SARS-CoV-2 é um novo tipo de coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) observa que as evidências disponíveis indicam que ele se originou na natureza, não artificialmente. Contudo, por enquanto, a comunidade científica não esclareceu a fonte natural específica deste patógeno. As especulações é que ele possa estar associado a morcegos e pangolins.

Rumor 2 – A Covid-19 originou de um acidente de laboratório no Instituto de Investigação de Virologia de Wuhan

Realidade: o Instituto de Investigação de Virologia de Wuhan não tem nada a ver com a origem da Covid-19.

O Laboratório Nacional de Biossegurança do Instituto Wuhan de Virologia, subordinado à Academia Chinesa de Ciências (CAS), possui um nível certificado de proteção P4 e pode lidar com os patógenos mais mortais do mundo. O laboratório fica a cerca de 30 quilômetros do centro de Wuhan e é impossível para o vírus deixar o local de alta segurança.

Rumor 3 – O novo coronavírus é chinês porque se originou em Wuhan

Realidade: O nome oficial do novo coronavírus é SARS-CoV-2. Wuhan foi o primeiro lugar onde foram registrados casos desse vírus, mas não é necessariamente o local de origem.

Em dezembro de 2019, Wuhan informou pela primeira vez sobre a descoberta de uma nova infeção por coronavírus, que era então conhecida como “pneumonia atípica”. Mas a fonte exata do vírus não tem conclusões científicas claras. Historicamente, o local onde um vírus é descoberto geralmente não é a fonte. Os exemplos citados pela Embaixada são o do HIV, nos Estados Unidos (com origem provável na África Ocidental), e o vírus Marburg, na Alemanha (provavelmente originado na Uganda).

Para evitar estigmatização, em 2015, a OMS emitiu recomendações sobre a nomenclatura de doenças infeciosas e patógenos que afetam seres humanos. O pedido é para que sejam evitados nomes de lugares, países, pessoas, animais e conceitos que possam causar pânico. No caso do novo coronavírus, ele foi oficialmente nomeado “SARS-CoV-2” em 11 de fevereiro de 2020.

Rumor 4 – Em meados de novembro de 2019, a China foi informada do início do surto e ocultou informações relevantes durante 45 dias

Realidade: as instituições oficiais da China receberam pela primeira vez informações sobre um caso de pneumonia atípica em 27 de dezembro de 2019. Elas publicaram o primeiro aviso quatro dias depois, em 31 de dezembro.

Em 27 de dezembro de 2019, a diretora do Departamento de Medicina Respiratória do Hospital Provincial de Medicina Chinesa e Ocidental de Hubei, Zhang Jixian, relatou três casos de pneumonia atípica ao Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do distrito de Jianghan. Foi a primeira vez que instituições oficiais chinesas obtiveram informações sobre a Covid-19.

Rumor 5 – A China ocultou a verdade sobre a epidemia de Covid-19 durante muito tempo, antes de se tornar uma pandemia global

Realidade: a China notificou tão cedo quanto possível o público nacional e global sobre a epidemia e tomou as mais rigorosas medidas de prevenção e controle. Com isso, deu ao resto do mundo pelo menos seis semanas para os países se prepararem. A OMS confirmou o cronograma anterior, no site oficial, em 8 de abril.

O SARS-CoV-2 é um vírus descoberto recentemente. Na fase inicial do surto, quase não havia base de referência científica capaz de demonstrar que ele poderia causar uma pandemia. Depois da confirmação que o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa e que, provavelmente, tem taxa de mortalidade mais alta que a gripe, o governo chinês imediatamente emitiu um aviso ao público e adotou medidas mais rigorosas, abrangentes e preventivas de controle. Em 23 de janeiro, a cidade de Wuhan foi colocada em quarentena. Dois dias depois, a província de Hubei, com uma população de 60 milhões, também foi isolada.

Um mês após o isolamento de Wuhan, em 23 de fevereiro, 78.811 casos foram diagnosticados no planeta. Desses, apenas 2,2% estavam fora da China. Até então, exceto no leste da Ásia, o resto do mundo mal havia tomado medidas preventivas eficazes.

Rumor 6 – A China ocultou e reportou com inexatidão o número de casos diagnosticados e mortes por Covid-19

Realidade: a China sempre foi transparente no diagnóstico e no número de mortes por Covid-19 e cumpriu as obrigações de informar.

Em 20 de abril, o número acumulado de casos de Covid-19 contabilizados em Wuhan era de 50.333. O total de mortes era de 3.869, com taxa de mortalidade de 7,69%, acima da média mundial.

O baixo número de casos na China é atribuído a medidas rigorosas e abrangentes de prevenção e controle tomadas pelo governo chinês. Entre elas está o fechamento das vias de acesso à cidade de Wuhan. Segundo relatório de pesquisa da revista Science, as medidas anteriores reduziram o número de pessoas infetadas na China em mais de 700 mil.

Rumor 7 – A China manipulou a OMS para assegurar que esta não direcione críticas ao país

Realidade: a OMS é uma organização internacional independente, composta por 194 membros da Organização das Nações Unidas, e não pode ser manipulada.

Entre os 21 membros da equipe de liderança na sede da OMS, há apenas um membro chinês e 11 dos EUA, União Europeia e Canadá. Ren Minghui, da China, serve como diretor-geral assistente na OMS para a prevenção da AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, desde janeiro de 2016.

Antes de anunciar a suspensão do financiamento da OMS, os norte-americanos eram os maiores contribuintes da instituição. Incluindo contribuições voluntárias, a China é a sexta maior fonte de financiamento da organização. Não só o país asiático, mas quase todos os estados-membros apoiam o trabalho do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. As teorias de que o diretor-geral “depende da China” e que fora “eleito apenas com o apoio da China” são infundadas.

Rumor 8 – A China é responsável pela pandemia e tem de compensar o mundo

Realidade: os vírus são um inimigo comum da humanidade e a China, tal como os outros países, é também uma vítima. Não há base legal para exigir uma “compensação” à China.

A OMS anunciou em 30 de janeiro que o novo coronavírus constitui “uma emergência de saúde pública de interesse internacional”. Isso ocorreu um mês após a China ter enviado a primeira notificação à organização.

As leis e regulamentos internacionais de saúde não fornecem uma base para um estado se responsabilizar por uma pandemia. Contudo, alguns juristas internacionais acreditam que a China deve ser responsabilizada e pagar compensações pela pandemia de Covid-19. “Nesse caso, quem deverá compensar por epidemias como a gripe H1N1, AIDS, e BSE?”, questiona a Embaixada.

Rumor 9 – A China está ajudando outros países no combate à epidemia apenas para expandir a influência geopolítica

Realidade: a China ajuda outros países por motivos humanitários e de solidariedade, partilhando a experiência acumulada na luta contra epidemias.

A ajuda da China a outros países provém, não só do espírito humanitário internacional, mas também da crença em uma comunidade de destino comum para a humanidade. O apoio a outros países é também uma manifestação tradicional de agradecimento da nação. No momento mais severo da epidemia, no final de janeiro e início de fevereiro, os chineses receberam ajuda de várias partes do mundo.

A China acumulou experiência na luta contra epidemias. Após dois meses de prevenção e controle rigorosos, a situação no país foi controlada. O escritório europeu da OMS acredita que a experiência chinesa pode ser usada como referência a outros países, ajudando-os na implementação de medidas capazes de tratar doenças críticas.

Rumor 10 – Os produtos médicos importados da China são contrafeitos e de qualidade duvidosa

Realidade: a China leva a cabo inspeções rigorosas de qualidade nos produtos médicos exportados. Parte do problema deriva do uso impróprio ou da diferença de regulamentações entre o país e o resto do mundo.

De acordo com dados da Administração Geral Alfandegária da China, entre 1º de março e 4 de abril de 2020, o país exportou 10,2 bilhões de yuans em materiais de prevenção epidemiológica. Esse montante inclui:

Os produtos com problemas de qualidade detectados representam número reduzido.

Desde 2 de abril, o governo chinês emitiu políticas para reforçar a qualidade de gestão das exportações de materiais médicos. Os produtos expedidos precisam obedecer a requisitos da autoridade nacional regulatória de medicamentos e padrões do país importador.

Rumor 11 – A China criou o novo coronavírus para paralisar a economia ocidental

Realidade: a economia chinesa está intrinsecamente ligada à economia mundial. Ela só pode ser bem sucedida se a economia do resto do mundo operar dentro da normalidade.

A economia chinesa foi profundamente afetada pela epidemia do novo coronavírus. No primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês caiu em 6,8%. Esse é o valor mais baixo desde que a China começou a contabilizar o PIB, em 1992. A última retração econômica do país asiático nesta magnitude data de 1976.

Desde que a China se juntou à Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, a economia do país foi, progressivamente, se integrando ao resto do mundo. Em 2019, as importações e exportações chinesas responderam a 31,54 trilhões de yuans. Desses, ¥ 17,23 trilhões são de exportações, contribuindo para 18% do total da economia.

A China e o mundo são interdependentes, sendo do interesse chinês que a economia mundial se recupere rapidamente e cresça de modo sustentado.

Rumor 12 – A China reabriu os mercados de animais selvagens

Realidade: não existem, neste momento, mercados de animais selvagens na China. A legislação do país proíbe a caça, comércio, transporte e consumo de animais selvagens.

O 16º encontro do Comitê Permanente da 13ª Assembleia Popular Nacional aprovou a “Decisão para a Proibição Integral do Comércio de Vida Selvagem, Eliminação de Animais Selvagens e Proteção da Saúde Popular”. O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) aprovou a decisão.

O que reabriu no país foi o mercado tradicional dos agricultores de Wuhan. Nele, são comercializados legumes, frutas, mariscos e carnes. O local segue rigorosamente os regulamentos sanitários relevantes, com características que similares a de espaços europeus.

 

Informações da Embaixada da República Popular da China no Brasil. 

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