Como é definido o valor do frete internacional marítimo?

Relação entre a oferta de navios e a demanda pelo transporte determinam o custo final

O valor do frete internacional marítimo é de grande interesse para quem precisa planejar operações de exportação e importação. De acordo com a International Chamber of Shipping este modal é responsável por 90% de toda a movimentação mundial de cargas, o que apenas reforça a sua importância. O cálculo sobre estes valores segue a tradicional ‘lei da oferta x procura’. A taxa de frete inclui todos os custos que as empresas têm na realização de atividades de transporte marítimo e um determinado montante de lucro.

O especialista em transporte internacional da Ethima Logistics, Carlos Castro, explica que embora o comprador consiga interferir no preço, ele pode entender as variáveis envolvidas para tirar proveito das oscilações e reduzir os custos operacionais. Como o preço é afetado diretamente pela oferta de transporte e demanda do serviço, o custo sobe se a busca cresce em intensidade maior do que a oferta de navios disponíveis. “O inverso também é verdadeiro. Pode haver períodos de baixa que forçam os armadores a reduzirem os valores dos fretes”, explica Castro. Nessas situações, porém, os armadores (proprietários dos navios) podem adotar medidas estratégicas para não ficar no prejuízo. A redução do número de navios nas rotas é uma destas medidas utilizadas para equilibrar a procura por espaço.

Peak season influencia no valor do frete internacional marítimo

A época do ano tem influência direta no valor do frete internacional marítimo, pois, alguns períodos são conhecidos por ter tarifas mais altas devido aos picos de demanda. É a chamada peak season (alta temporada) que tem início entre os meses de agosto e setembro e vai até o final de novembro. “São as famosas cargas de Natal. Outras datas comemorativas, como dia das mães, por exemplo, também geram demanda de carga maior, porém, mercadorias especificas. Já o Natal tem uma amplitude muito maior no volume e variedades de mercadorias e afeta muito mais”, relata o profissional da Ethima Logistics.

O calendário de feriados da China também pode influenciar o mercado internacional de transporte. É o caso de um feriado prolongado que pode gerar tanto um aumento na procura por quem quer embarcar a carga antes e quanto um acúmulo para transportar depois. São motivos que levam os armadores a determinar GRI (General Rate Increase, isto é, um acordo entre todos os transportadores para aumentar os preços).

O mercado que mais tem oscilação de preço do frete é a Ásia, especialmente a China. Os demais mercados também sofrem variações, mas com menor frequência”, anota Castro.

Se a negociação internacional puder ser planejada para o primeiro semestre será possível diminuir os custos com transporte já que a partir de dezembro, após a peak season, os preços tendem a baixar gradativamente. “Neste meio tempo, os armadores tentam aplicar GRI, geralmente no dia 1° de cada mês, com reduções progressivas nos dias seguintes. Às vezes um novo GRI é anunciado dentro do mesmo mês com efetivação para segunda quinzena. Da mesma forma, o aumento após efetivado, tende a ocorrer reduções nos dias seguintes”, explica Castro, acrescentando que essas oscilações são impactadas pelas altas e baixas na demanda.

Economia interna

As oscilações na movimentação econômica interna também representam influência no custo do frete internacional marítimo. Se um país importa menos, o preço tende a cair para tentar manter a ocupação dos navios. “Os armadores precisam de alguma forma repor os equipamentos para reutilizarem nas exportações. Neste caso, os fretes de importação são reduzidos para que haja reposição de equipamentos, incentivando os importadores com preços menores”, comenta o especialista.

Carlos Castro lembra ainda que nem sempre um preço extremamente baixo será sinônimo de bons negócios para os importadores. “Quando há uma queda drástica dos fretes, os dois lados acabam perdendo, porque muitos armadores chegaram à beira da falência. A qualidade dos serviços cai muito e os navios precisam adicionar novos transbordos em outros portos para viabilizar as viagens”, contrapõe.