CNI pede que governo suspenda negociações com Coreia do Sul

Confederação alega que indústria brasileira não foi consultada durante as tratativas

CNI pede que governo suspenda negociações com Coreia do Sul_OMDN_O Mundo dos Negócios_Big_Heart por Pixabay

Foto: Big_Heart/Pixabay

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) solicitou ao governo brasileiro a suspensão das negociações do acordo comercial entre Mercosul e Coreia do Sul. O pedido foi encaminhado em carta do presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Entre os itens alegados no documento está a previsão de recuo de US$ 7 bilhões na balança comercial do Brasil, caso o acordo seja concretizado. A instituição também apontou a falta de diálogo com o setor privado durante as tratativas com o país asiático.

Além disso, conforme a CNI, o período de crise econômica exige que o governo foque em políticas internas voltadas à atividade produtiva. “Os setores industriais, que devem ter um papel relevante na retomada da economia e na geração de empregos nos níveis nacional e regional, sofrerão impactos graves, sobretudo no cenário pós-pandemia da Covid-19″, afirma Andrade.

Outro ponto citado pelo presidente da CNI foi o diálogo estabelecido no ano passado com o poder público. Debates realizados em 2019 discutiram a integração internacional brasileira de forma gradual, ao mesmo tempo em que observasse a competitividade e produtividade internas.

Setor privado não é consultado

Ainda segundo o presidente da CNI, os acordos firmados pela Coreia do Sul com países em nível de desenvolvimento semelhante ao do Brasil – como China, Índia e Turquia – são distintos do que vem sendo negociado. Há uma exclusão mais ampla de produtos, chegando a quase 20% das linhas tarifárias. Também diferem em períodos de carência, margens de preferência para produtos industriais, além de salvaguardas específicas para o setor industrial.

Temos informações de que a negociação está avançada, com cerca de 90% de cobertura do comércio bilateral. Contudo, o setor privado não foi informado sobre as concessões feitas pelos governos do Mercosul. Além disso, não parece haver dispositivos satisfatórios para tratar de produtos sensíveis, o que é comum nos acordos comerciais”, explica Andrade.

Discurso alinhado ao setor argentino

Segundo a CNI, esse posicionamento se soma ao da segunda maior economia do bloco. Em declaração conjunta, a indústria brasileira e a União Industrial Argentina (UIA) manifestam preocupação com a falta de transparência nas negociações. As entidades também ressaltaram a falta de capacidade das empresas do Mercosul em enfrentarem práticas desleais de comércio. A declaração cita que dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) revelam que a Coreia do Sul é o segundo principal alvo de medidas de defesa comercial, atrás apenas da China.

 

Informações da Agência de Notícias CNI.