Café brasileiro pode ampliar presença no mercado europeu

Expectativa vem a partir do acordo entre o Mercosul e a União Europeia

Foto: Paulo Lanzetta - Embrapa

O acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) firmado em junho deste ano, em Bruxelas, trouxe expectativa para vários setores da agricultura nacional. Entre eles estão os produtores de café brasileiro. Quase metade da produção anual é destinada para o mercado europeu.

O Brasil é líder mundial na produção e na exportação de café. Somente em 2018, produziu 61,7 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado. Trinta e seis milhões de sacas foram exportadas, principalmente de café verde, resultando em divisas de $ 5,15 bilhões de dólares. Segundo dados do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), desse total, cerca de 17,5 milhões sacas (49%) foram embarcadas para União Europeia, especialmente, para os mercados da Alemanha, Itália, Bélgica, França e Espanha.

Tarifas menores para o café brasileiro

A expectativa de crescimento para o café brasileiro no mercado europeu vem a partir do que foi firmado no acordo Mercosul-UE e que prevê a isenção de tarifa para o café verde exportado aos europeus, igualando ao que ocorre atualmente com os processados (solúvel, extratos e café torrado) e assim resolvendo a questão da escalada tarifária. Ao entrar em vigor (o acordo precisa ser aprovado pelos parlamentos dos blocos para começar a vigência), o café torrado e solúvel brasileiro, que têm alíquotas de 9% para entrar na UE, atingirão o livre comércio (sem tarifa) em quatro anos no bloco europeu. Com isso, os produtos brasileiros chegarão com custos menores e mais competitivos ao mercado europeu.

O diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo José de Lima, avalia que o produto brasileiro terá melhores condições de competir com os de países que pagam tarifas menores dentro da UE, como é o caso do Vietnã, Colômbia e Equador. “Os vietnamitas têm 2% de tarifa para UE. Perdemos mercado ao longo desses anos exatamente pela tarifa que nos foi imposta de 9%, e prejudicados por regimes preferenciais de tarifas e acordos comerciais com países concorrentes que ganharam espaço, tomando do Brasil”, explica.

A União Europeia foi o segundo maior destino das exportações de café solúvel (466 mil sacas/60kg de solúvel) em 2018. Só perde para os Estados Unidos (o equivalente a 644 mil sacas/60kg).

Com a entrada em vigor do acordo e a extinção da tarifa no período de quatro anos, Lima projeta um crescimento de 35% em volume nos próximos cinco anos.

Com informações de Inez De Podestà/Ministério da Agricultura